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Toda noite tem aurora. E toda aurora tem seus galos, clarinando no escuro o dia por nascer. A ambição do portal Vermelho é ser um galo assim na internet. Contribuir para dissipar treva neoliberal. Trabalhar para que venha logo a alvorada dos trabalhadores e povos da Terra.
Proclamação de compromissos
Vermelho nasce num planeta imerso na crise e na guerra. Num continente sob ameaça de recolonização em nome do "livre comércio". Num Brasil entregue aos Silvério dos Reis contemporâneos. E num ambiente, a internet, que é o fiel espelho virtual desta realidade. Também aqui reinam o neoliberalismo com o imperialismo norte-americano à frente, a hiper-mercantilização e a concentração da riqueza, a crise e o desemprego, o banditismo e o lixo cultural - em especial o made in USA.
No entanto, combatendo a treva há também a luz. A consciência crítica se reergue, de Seattle a Ramallah e Porto Alegre. Muitos milhões de mulheres e homens se engajam na resistência, em nome da paz, do progresso e da liberdade.
A própria internet é igualmente um cenário da luta por outra realidade, por um mundo novo, um novo Brasil. E um cenário para um público de milhões, que permite comunicação de massas a preço relativamente desprezível, em tempo real e escala planetária, com texto, som, imagem, movimento, interatividade…
Vermelho engaja-se neste combate e o hip hop (MH2C). Empenha-se em explorar ao máximo estas características. Deseja colocá-las a serviço dos trabalhadores e não dos burgueses, dos povos e não dos impérios, da liberdade e não do macartismo bushiano, do conhecimento e não do embrutecimento, da programação livre e não do monopólio da Microsoft.
A modernidade, e seu ícone da moda, a internet, encerram em si duas classes sociais e, logo, dois projetos. Rejeitamos a modernidade burguesa, conservadora, que nos vende a cada dia uma mudança para que tudo continue como está. Por isso mesmo abraçamos a modernidade transformadora, revolucionária, que busca nas mudanças do presente os pontos de apoio capazes de alavancar o futuro.
Sim, tornamos partido apartidário , para o escândalo dos senhores embelezadores do status quo. A partir do nome - Vermelho! - proclamamos orgulhosamente nossos compromissos: com a independência e soberania de nosso país; com a liberdade e a democracia; com o progresso, os direitos e conquistas sociais, o trabalho e os trabalhadores; com o socialismo e o comunismo; com as bases teóricas e as forças de vanguarda capazes de conduzir estas lutas.
Com este posicionamento dirigimo-nos aos internautas, em particular três segmentos que vêm crescendo na medida em que o público da rede se torna mais amplo e mais pobre: a juventude; a intelectualidade; e, por fim mas não por último, a numerosa parcela do proletariado moderno que freqüenta a internet no trabalho ou em casa.
Ponto de vista brasileiro
Vermelho junto com hip hop nasce com os olhos bem abertos para a totalidade do planeta, empenhado em interagir com ela. Suas páginas em , mesmo modestas, testemunham esta disposição.
Porém enxergamos o mundo a partir dos interesses do povo brasileiro.
Esta perspectiva determinada não é superior à de ninguém, mas tampouco inferior, como crêem nossas colonizadas classes dominantes. Os brasileiros temos apenas cinco séculos de formação, atribulada e penosa. Somos um povo novo. Mas germinou aqui, aos trancos e barrancos, uma identidade original, um tipo de matriz flexível, aberta, assimiladora, um humanismo desimpedido. E ela é uma contribuição que temos a oferecer à raça humana, neste início de século envenenado pelo racismo e a intolerância.
O ponto de vista brasileiro é também o de uma nação dependente e oprimida que almeja libertar-se. Reclama a rebelião contra o retrocesso que vai nos condenando à condição de neocolônia, da economia à cultura. Longe deste combate decisivo, tampouco haverá democracia para as grandes massas, nem progresso e bem-estar social.
Conteúdo
O jargão em voga na internet banalizou e abastardou o termo "conteúdo". Vermelho *(mh2c)* aspira recuperar seu significado primitivo e essencial, que não se mede em gigabites.
Perseguimos um conteúdo cuja quantidade exprima qualidade. Um conteúdo sem aspas, que se meça em idéias novas, denúncias candentes, argumentos sólidos, exemplos eloqüentes, propostas mobilizadoras, polêmica, investigação e análise, criatividade, ousadia.
Um tal conteúdo não se impõe limites de pauta. Tudo que é humano - e em especial brasileiro - nos interessa: política e futebol, biotecnologia e desemprego, Alca e frevo, segurança pública e sindicatos, racismo e saúde, meio-ambiente e privatizações, eleições e cinema, história, ocupações de terra, feminismo, greves, filosofia, escolas de samba, guerrilhas, ciências, meninos de rua, sonhos…
O nexo desta infinidade temática é político. Hoje, o povo brasileiro, enojado com a hipocrisia, corrupção e truculência políticas das classes governantes, tende a rechaçar em bloco a política e os políticos. Com o devido respeito, isto é uma tolice. O preconceito tem por certo suas explicações, porém nenhuma justificativa. No limite, ele protege e perpetua justamente a velha ordem dos políticos hipócritas, corruptos e truculentos - que alimentam o lugar-comum de que política é mesmo uma coisa suja. O caminho da emancipação, do progresso e do bem-estar passa obrigatoriamente pela política, pela politização das maiorias hoje em grande parte marginalizadas, pela conquista e transformação do regime político, pelos partidos políticos democráticos e progressistas.
Em estreita conexão com o conteúdo, a atualidade é decisiva - uma pré-condição para quem deseje acompanhar e interagir com a realidade fora da rede, em transformação incessante e às vezes vertiginosa. Surge daí o Diário Vermelho, com funções de informação mas também de opinião, colunas, crônicas, cadernos estaduais, municipais - e ainda o vasto espaço do Falapovo, aberto à colaboração dos internautas.
O ferramental da interatividade abre todo um universo de possibilidades para Vermelho ter um uso múltiplo, polivalente. Os jornais operários de cem anos atrás já se colocavam as tarefas de organizadores coletivos. Um portal na internet permite que se eleve ao cubo essa função, e que se agregue muitas outras, de finanças, formação, acervo das idéias, das obras e da memória do movimento, para não falar da mobilização concreta em torno das batalhas de cada momento.
Chamamento ao trabalho militante
Vermelho mh2c nasce como uma oficina de si próprio. Irá se fabricando no ar, abrindo seu caminho ao andar. Esta é em parte uma imposição das circunstâncias em que ele nasce, com uma equipe central ainda pequena e poucos recursos. Mas é sobretudo uma escolha consciente: um portal militante confia seu êxito à contribuição militante.
Fala-se muito hoje em crise da militância. Não poderia ser diferente nestes tempos de individualismo exacerbado. Entretanto, a humanidade é maior que esta fase desumanizadora. Os valores do trabalho, da criação, da fraternidade, da generosidade, rebrotam sem cessar, a despeito dos tempos difíceis e até como mecanismo de autodefesa.
Vermelho nasce para abrigar, cultivar, dar espaço e visibilidade a muitos milhares de contribuições militantes. Será um portal feito como Van Gogh fazia quadros, como Clementina de Jesus fazia música, como Cipriano Barata fazia seu jornal nas masmorras do Império, como Che Guevara fazia a guerrilha: pela simples, limpa e forte convicção de que estas são coisas necessárias.
Não vai aqui qualquer concessão ao amadorismo ou à improvisação. Mas quem disse - afora os sacerdotes do neoliberalismo - que só possuem qualidade e excelência as coisas que têm um preço no mercado? Ao contrário, desde os primeiros passos preparatórios, não nos têm faltado exemplos de que o trabalho militante pode ser o mais bem feito.
Por isso Vermelho mh2c anuncia: temos vagas. Muitas e muitas vagas, para homens e mulheres de todas as idades, de todos os recantos do Brasil, e também de fora. Vagas para as inteligências, as sensibilidades, os talentos. Vagas para quem julgue necessário um portal assim e se disponha a ajudar o dia a nascer, pela pura e prazerosa certeza de que a treva já durou demais.
São Paulo, 25 de março
A distribuição de renda no Brasil é a pior do mundo, em que os 10% mais ricos ganham 28 vezes a renda dos 40% mais pobres. Este é um dos dados publicados em uma pesquisa que será lançada em livro, chamada “Desigualdade e Pobreza no Brasil”, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que levou em consideração indicadores do Banco Mundial (Bird), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), IBGE e da ONU.
Outros elementos do estudo do IPEA indicam que os 10% mais ricos da população brasileira se apropriam de cerca de 50% da renda total do país, e os 50% mais pobres detêm apenas 10% da renda do país. Outros países mais pobres não têm uma desigualdade estrutural tão grande como o Brasil. Pelos dados da pesquisa do IPEA, esta situação não sofre mudanças há exatamente 25 anos e parece que existe um conformismo dentro da sociedade brasileira de continuar esta desigualdade.
O estudo do IPEA mostra que a desigualdade social no Brasil é estrutural, o que confirma as teses da Refundação do PCML (Partido Comunista Marxista Leninista) de que este é um modelo de desenvolvimento do Brasil desde a colônia, que fez com que a propriedade privada de monopólio da terra voltada para a exportação fosse a mola mestra da desigualdade social.
Com o regime escravocrata agro-exportador, as diferenças de classe social entre os que detinham os meios de produção, que eram os colonizadores portugueses e os escravos, que eram a mão-de-obra gratuita para tocar a economia do país, fizeram com que o país se desenvolvesse de uma forma desigual. O desenvolvimento econômico do Brasil desde aqueles tempos não quebrou o monopólio da terra e da indústria e por isso todo o crescimento foi injusto para a maior parte da população brasileira, que teve que sustentar a sede dos lucros dos monopólios estrangeiros e nacionais até os dias atuais.
A elite brasileira sempre foi egoísta e ligada ao capital estrangeiro a quem sempre se uniu para espoliar o povo. O nosso país é composto por uma população enorme de miseráveis e de párias sociais que conseguem sobreviver com muitas dificuldades, com um salário mínimo de R$ 151 que, segundo o DIEESE, deveria estar em torno de R$ 1mil. O salário mínimo do trabalhador está em 25% do valor de quando foi criado em 1940 por Getúlio Vargas.
O estudo do IPEA mostra que somente uma mudança radical na sociedade brasileira é capaz de mudar esse quadro de injustiça social, que é próprio do sistema capitalista, principalmente em um país do Terceiro Mundo. Mais uma vez as Teses de Refundação do PCML mostram que precisamos organizar a revolução socialista no Brasil para apear do poder esta elite que há mais de 500 anos oprime com fome, violência e miséria
A pesquisa do IPEA mostra que o principal ponto a ser enfrentado para que se diminua a desigualdade social no Brasil é o investimento em educação, já que a média de escolaridade do trabalhador brasileiro é de 6,3 anos de estudo. Mas o projeto neoliberal, que faz com que os governos apliquem menos recursos em vários setores sociais, está levando os trabalhadores brasileiros a ganharem bem menos do que se tivessem uma melhor educação.
Embora a estatística seja melhor do que há dez anos atrás, mas se compararmos a outros países pesquisados, como a Coréia do Sul que investiu maciçamente no setor educacional para dar um grande salto de desenvolvimento econômico, o Brasil é um país que gasta poucos recursos com o setor, o que diminui as oportunidades para os que estão entrando no mercado de trabalho, que correspondem a mais de 1,5 milhões de pessoas a cada ano sem conseguir uma colocação satisfatória, tornando precárias as relações trabalhistas com a diminuição do salário.
Bibliografia
ABRAMO, Helena Wendel. Cenas juvenis: Punks e Darks no espaço Urbano. São Paulo: Scrita, 1994.
ARCE, José M. Velenzuela. “O funk carioca”. In: HERSCHMANN, Michel (org). Abalando os anos 90: funk e hip-hop: globalização, violência e estilo cultural. Rio de Janeiro: Rocco,1997.
BAUDRILLARD, Jean. Para uma crítica da economia política do signo. Lisboa: Edição 70, 1972.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
CALDEIRA, Tereza Pires do Rio. Cidade de Muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Ed. 34/Edusp, 2001.
HERSCHMANN, Michel. “O espetáculo do contradiscurso”. In: Folha de São Paulo. São Paulo, 18 de agosto de 2002, Caderno Mais, p. 10.
MAFFESOLI, Michel. O tempo das tribos: o declínio do individualismo na sociedade de massas. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998.
MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,1982.
MUCHOW, Hans. “Os fãs do jazz como movimento juvenil hoje”. In: Sociologia da Juventude. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1968. (vol 3).
NEGRI, Antonio & HARDT, Michael. Império. Rio de Janeiro: Record, 2002.
SENNETT, Richard. O declínio do homem público: as tiranias da intimidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SHUSTERMAN, Richard. Vivendo a arte: o pensamento pragmatista e a estética popular. São Paulo: Ed., 34, 1998.
Ao perceberem o descaso com que os pobres e suas demandas são tratadas, os “rappers” resolvem, então, dar destaque a assuntos, até então, obnubilados no debate, de sorte que, a violência e todas as suas matizes: orfandade, desemprego, enfim, tudo aquilo que se relaciona com a pobreza, é agora exposto sem maquiagem pelos “rappers” em suas crônicas musicais.
Ao falarmos de pobreza, apoiamos-nos em Negri (2001) para conceituá-la; de acordo com esse autor, este é um fenômeno mundial e atemporal, isto é, presente em todas as partes e em todos os períodos da história. Ainda segundo esse autor, somente os pobres podem renovar a vida, uma vez que eles não apontam para nenhuma transcendência, mas buscam no próprio limite de suas condições de vida a “imanência” de um outro viver. Em suas palavras: “Só o pobre vive radicalmente o ser efetivo e presente, na indigência e no sofrimento, e por isso só ele tem a habilidade de renovar o ser”. (NEGRI, 2001: 175)
Deparamo-nos aqui com um dos princípios norteadores do movimento “rap”, isto é: ao se engajarem na revitalização da cidadania, eles estimulam também a renovação do indivíduo; agora com os horizontes ampliados e a dignidade resgatada, tornam-se produtores e não apenas receptores de cultura, de sorte que as comunidades “rappers” transformam-se, circunstancialmente, para os jovens banidos da vivência cívica em um lócus não só de entretenimento, mas também de (re)educação para a vida.
O indiscutível papel de destaque que a juventude granjeou na cena pública da contemporaneidade é resultado, então, dessa busca incessante pela renovação da vida. Nas manifestações dos “rappers”, esse desejo de renovação manifesta-se por meio de duas características dramaticamente opostas: arte e violência.
A violência aparece como uma resposta à secularizada injustiça que se praticou e se pratica contra seus pares; vale dizer, contra toda a categoria de pobres.
“O eixo oblíquo que guia o enfoque entre o asfalto e a favela tem sido a violência urbana, que se apresenta com origem definida nas favelas, nos morros onde habitam os pobres, nas ruas contaminadas e ameaçadas pela sua presença, onde assaltam, realizam o comércio informal ou dormem sob as marquises dos prédios, obstinados em demonstrar a insolvência teórica daqueles que realizam construções binárias entre os espaços públicos e privados.” (ARCE, 1997: 150)
A arte está associada aos mais distintos agrupamentos juvenis que buscam nas representações artísticas, notadamente na música, visibilidade e reconhecimento social para, com base nisso desafiarem as convenções estéticas da atualidade.
“O ‘rap’ é uma arte popular pós-moderna que desafia algumas das convenções estéticas mais incutidas, que pertencem não somente ao modernismo como estilo artístico e como ideologia, mas à doutrina filosófica da modernidade e à diferenciação aguda entre as esferas culturais”. (SHUSTERMAN, 1998: 144).
Na vida dos periféricos, o sentimento gerado por sucessivas segregações provocou ódio, acumulou forças e inspirou uma resistência de seus mais ilustres e autênticos representantes: os jovens, que desamparados e desassistidos em suas necessidades básicas, cultura e lazer notadamente, resolveram arregimentar forças em torno de objetivos comuns e, com ousadia e proposição, revelar para a sociedade suas mazelas cotidianas por meio da comunicação musical.
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Charge online - Bessinha - # 688
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Manifesto por direitos às domésticas
ABIN identifica as ONGs estrangeiras que boicotam Belo Monte
Charge online - Bessinha - # 687
Em Porto Alegre: A primeira campanha ateísta do Brasil
Padres acusados de pedofilia vão a júri em Alagoas
O PRI prepara sua volta ao governo do México
Espectador sobe no palco e agride o comediante Ben Ludmer em SP
O martelinho de Serra e os bueiros explosivos
Motociclista é multado "por conduzir sem cinto de segurança"
Nova lei de licitações: onde estão os ‘moralistas’ agora?
Médica acreana presa em Pernambuco
Charge online - Bessinha - # 686
Professora Amanda Gurgel recusa prêmio do PNBE
Polícia usa sal para retirar excesso de gelo de rodovia de SC
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WikiLeaks: Para EUA, assembleia de Brasília é “refúgio de canalhas”
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Vaticano: poucos padres e pouco celibato na América Latina
"A morte lhe caiu bem", diz Cantanhêde sobre Itamar
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O “mico” autoritário de José Serra
Charge online - Bessinha - # 685
"Cerra" penetra no enterro de Itamar. E quase fica lá
WikiLeaks: As conversas da embaixada com a ministra Dilma
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Ofensiva diplomática de Lula en Africa
Jornalista britânico que investiga Fifa vê interesses por trás do Fielzão
Charge online - Bessinha - # 684
Cabral isentou casa de vinhos usando lei sobre cesta básica
Porto Alegre: Carro do Google não pode circular pela rua Olavo Bilac
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Em busca do pastor assassinado
Credibilidade da blogosfera reconhecida também pelos executivos da comunicação
MTV usa logo da "Falha" e enterra de vez o "argumento" da Folha!
Estadão mente e Petrobras desmente
Itamar Franco: um honrado patriota
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Suplente do senador Itamar Franco tem patrimônio invejável que o TRE desconhece
Chimarrão causa doping de Cielo
Charge online - Bessinha - # 683
Dilma age com a energia. Já a Veja…
Mensagem de Anonymous aos meios de comunicação de massa
Itapior: a metralhadora tucana
Charge online - Bessinha - # 682
Orquestra Sinfônica de Porto Alegre - Madonna
Orquestra Sinfônica de Porto Alegre - Isaac Karabtchevsky
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Um hacker que abala a república
"Nóis pega o peixe e amostra os anzól" - Premêro Facicru [Quarta Fôia]
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Direito fundamental de ir e vir
Charge online - Bessinha - # 681
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Presidenta Dilma recebe lista tríplice para Procuradoria Geral da República
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Charge online - Bessinha - # 680
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Violência policial: advogado de vítima de racismo é ameaçado de morte
Charge online - Bessinha - # 679
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Prezados (as) Senhores (as)
Entre os dias 19 a 21 de Novembro do corrente o Movimento Hip Hop Militante “Quilombo Brasil” estará realizando o I Encontro Nacional de Entidades de Hip Hop Militante na cidade de São Luís no Maranhão. A organização desse evento está sob a responsabilidade do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão “Quilombo Urbano” entidade esta filiada ao MHM Quilombo Brasil e que esse ano está completando vinte anos de existência. Esse encontro consta de seminários, debates, reunião de GT´s além da realização da 4ª Marcha da Periferia que esse ano traz como tema “Pelo Fim da Guerra Interna na Periferia” e o 20º Festival de Hip Hop que representará um momento de confraternização entre as entidades de Hip Hop presente ao evento e entre a juventude das periferias (ver projeto em anexo). Um encontro com essas características é muito raro em nosso país, tendo em vista que seus participantes e organizadores são, em sua grande maioria, indivíduos moradores de bairros de periferia que padece tanto por falta de políticas públicas como pela ausência de intelectuais coletivos, ou seja, de movimentos sociais ou culturais combativos e de crítica global do modelo capitalista de organização da sociedade, da mesma forma que pertencem, majoritariamente, ao setor mais penalizado pelas políticas neoliberais em nosso país que são os negros e as negras. Neste sentido estamos convidando esta organização ou grupo de hip hop para está conosco nesse grande encontro que pretende ser um marco histórico para a juventude das periferias de todo o Brasi.
A pouca perspectiva de integração ao mercado de trabalho, o crescente desinteresse nos estudos e na instituição escolar, aliados ainda à descrença na imparcialidade e na infalibilidade da justiça, contribuíram para aumentar o flagelo social dos jovens periféricos. Com efeito, quando alguns dos pilares de inserção e sustentação dos jovens na vida social se enfraquecem, a sociedade torna-se também frágil, pois deixa de usufruir adequadamente da energia e da criatividade desse segmento, que, ao se sentir impedido de participar do jogo democrático, desloca suas expectativas para um circuito fechado, pouco compreensível aos olhos da sociedade. Assim, diante de uma sociedade que cobra padrões de comportamento específicos no teatro das representações sociais, os jovens rebelam-se e respondem às cobranças com a arte de fazer e desfazer aparências. Em outras palavras, um jovem pode se vestir convencionalmente para atender, por exemplo, às exigências do emprego, mas, no fim do expediente, é estimulado a praticar uma radical mudança em sua personalidade, mudando, entre outras coisas, a roupa, o penteado e o vocabulário. Essas transformações são, com efeito, necessárias para o indivíduo ser aceito em uma tribo e com ela partilhar os segredos, os prazeres e a alegria do (des)compromisso.
No cotidiano dos jovens, essa vida de dupla personalidade contribuiu para a criação de um novo universo simbólico, isto é, possibilitou a formação de uma máscara de proteção para a intervenção social. Nos dizeres de Maffesoli:
“A máscara pode ser uma cabeleira extravagante ou colorida, uma tatuagem original, a reutilização de roupas fora da moda (...). Em qualquer caso, ela subordina a persona a esta sociedade secreta que é o grupo afinatário escolhido. Aí existe a ‘desindividualização’, a participação, no sentido místico do termo, a um conjunto mais vasto.” (MAFFESOLI, 1988: 128)
No caso específico do movimento “rapper”, o sofrimento gerado por sucessivas segregações provocou ódio, acumulou forças e inspirou uma inédita resistência dos jovens periféricos contra as tiranias do capital e a mesmice do cotidiano. A exemplo de outras coletividades juvenis da atualidade, os “rappers” não demonstram, contudo, interesse em propor grandes transformações sociais. Querem simplesmente alertar, expor a dramática situação em que estão imersos e, com isso, cobram mais participação no jogo democrático. Essa estratégia de não veicular nenhum ideal de projeto alternativo em suas manifestações confunde a cultura consensual, desperta suspeita nas lideranças dos movimentos sociais, que acusam os “rappers” de flertarem, freqüentemente, com o mundo da ilegalidade.
A idéia de criminalizar o outro, empurrando-o para as fronteiras da ilegalidade, é um recurso praticado com desenvoltura e esmero, segundo alguns estudiosos, pelos mecanismos de ajuste e controle da sociedade moderna. Ao fazer menção ao mundo moderno, aliamo-nos às análises de Bauman (1998: 20), para quem a modernidade é uma “época, ou estilo de vida, em que a colocação em ordem depende do desmantelamento da ordem ‘tradicional’, herdada e recebida; em que ‘ser’ significa um novo começo permanente”.
Pode-se dizer que, entre os objetivos desse recomeçar permanente, encontra-se a idéia de anular, física e culturalmente, o indivíduo para, em seguida, torná-lo estranho a seu próprio meio, criando, assim, uma categoria de rejeitados, não por aquilo que são, mas por aquilo que têm. Estes são, segundo Bauman, os “consumidores falhos”, pessoas que potencialmente podem causar problemas à ordem estabelecida uma vez, que são incapazes de participar ou mesmo responder aos atrativos da sociedade de consumo. Em suas palavras:
“Os centros comerciais e os supermercados, templos do novo credo consumista (...), impedem a entrada dos consumidores a suas próprias custas, cercando-se de câmeras de vigilância, alarmes eletrônicos e guardas fortemente armados; assim fazem as comunidades onde os consumidores afortunados e felizes vivem e desfrutam de suas novas liberdades; assim fazem os consumidores individuais, encarando suas casas e seus carros como muralhas de fortalezas permanentemente sitiadas.” (BAUMAN,1998: 24)
Essa realidade logo seria percebida pelos “rappers”, que passam a contrapor, em suas crônicas musicais, as diferenças entre esses dois mundos.
“Olha só aquele clube que da hora/ olha aquele campo, olha aquela quadra/olha, quanta gente/ tem sorveteria, cinema piscina quente/olha quanto boy, olha quanta mina/(...) olha aquele pretinho vendo tudo do lado de fora (...). Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo (...) o incentivo no lazer é muito escasso/É ... o centro comunitário é um fracasso.” (Racionais MC’s, do álbum “Um Homem na Estrada”, de 1994)
Ao perceberem a condição de consumidores falhos para a qual foram relegados, os “rappers” propõem uma rediscussão, vale dizer, uma intervenção nos espaços públicos, sugerindo mudanças em sua geografia. Para essa discussão, eles não se apresentam, entretanto, de maneira cordial; potencializam, ao contrário, seus discursos e suas intervenções com uma forte ira social.
“Minha intenção é ruim/esvazie o lugar/ eu tô em cima/ eu tô a fim/um dois pra atirar/ eu sou bem pior do que você tá vendo/ o preto aqui não tem dó, é 100% veneno/ a primeira faz bum/ a segunda faz pá/ eu tenho uma intenção e não vou parar.” (Racionais MC’s, do álbum “Sobrevivendo no Inferno”, de 1997)
Como se pode depreender, as representações promovidas pelos “rappers” estão carregadas de “más intenções” contra tudo aquilo que é estranho à sua realidade. Daí a exigência, a exclamação, a intimidação, mesmo para que os “outros” esvaziem o lugar, pois território de “mano” não pode ser compartilhado com “qualquer um”. De onde, afinal, vem a combustão para essa ira social? Sua força e capacidade congregadora estaria, por acaso, relacionada com o discurso comunitário e coletivo de seus membros? Em outras palavras, como esses jovens conseguiram atravessar a fronteira cinzenta do mundo ilícito para divulgar outros valores de suas quebradas? Em quais bases, enfim, constituíram-se os elementos fundadores do que aqui estamos denominando “República dos Manos”?
São muitas as incertezas e as dúvidas que pairam sobre os caminhos e as possibilidades de escolha dos jovens na contemporaneidade. Essas dúvidas, de certa forma, vêm sendo tematizadas pelos “rappers”, quando, por exemplo, cantam a discriminação, a pouca oportunidade no mercado de trabalho, o analfabetismo, a violência, enfim, quando cantam todas as mazelas e os obstáculos que encontram para uma participação mais efetiva na vida pública.
Para além da tensão social, à qual essas questões nos remetem, é interessante notar que a pobreza e o isolamento social dessas coletividades têm, paradoxalmente, se transformado em poderosos estimuladores para uma criatividade emancipatória sem precedentes na periferia de São Paulo, o que possivelmente sinaliza para sintomas de um processo evolutivo e de crescimento pessoal dos indivíduos dessas paragens, uma vez que os jovens que transitam pelo universo “rap” não o fazem só por lazer, mas encontram aí a oportunidade de falar de forma realista de suas condições de vida, evidenciando, desse modo, as contradições sociais do país.
Essa situação narrada é resultado de uma profunda alteração do espaço público e do significado que a noção de público passou a ter nas sociedades contemporâneas. Segundo Sennett (1988), essa alteração sinaliza o “fim da cultura pública”, e isso leva cada vez mais, “um grupo selecionado de pessoas” a rejeitar o “exterior” e o “diferente”, esvaziando, desse modo, o sentimento de “solidariedade” entre os indivíduos em clara demonstração de intolerância que teve como conseqüência mais imediata a redefinição para a ocupação de espaço público. (SENNETT, 1988: 32)
Refletindo sobre as vicissitudes da cultura pública e, conseqüentemente, sobre os modos de viver na atualidade, diversos estudiosos, Caldeira (2001), Bauman (1998) e Sennett (1988), observam que todas as vezes que o espaço público sofreu mudanças para atender interesses de setores específicos, as contradições sociais revelaram-se mais intensamente.
Para Caldeira (2001), a síndrome do medo instaurada em uma população vitimada pela violência e pelo crime levou determinados setores da população a adotar medidas extremas de relacionamento com o universo público. Inicialmente, com elevado grau de desconfiança na capacidade dos poderes públicos de zelar por sua segurança, os “consumidores ativos” contrataram empresas privadas de segurança para protegê-los; em seguida, ao perceberem que essa medida era ainda insuficiente, eles edificaram condomínios fechados numa clara e ostensiva tentativa de evitar encontros com aqueles que consideram “diferentes” e, por conta disso, “perigosos”.
Decorre daí “uma verdadeira implosão da vida pública”, pois, ao se arvorar “o direito de não ser incomodado”, esse grupo de privilegiados – como bem observou Sennett – além de alterar a paisagem urbana, vive em seu oásis de privilégios uma singular situação “em que a qualidade privada é enfatizada acima de qualquer dúvida e em que o público, um vazio disforme tratado como resto, é considerado irrelevante”. (CALDEIRA, 2001: 313).
Com efeito, a redefinição da ocupação do espaço público abriu caminho para a cristalização de um individualismo sem precedentes nas sociedades de massas, que, em nome de uma certa “tranqüilidade”, elegeu uma segurança exacerbada para áreas privadas em prejuízo dos interesses coletivos. Dessa nova conformação social resultou um isolamento de classes ainda maior, responsável, entre outras coisas, por uma significativa alteração da paisagem urbana.
Posição semelhante é, igualmente, defendida por Bauman, quando conclui que a alteração da paisagem urbana está diretamente relacionada com o desejo de “ordem” e “pureza” desenvolvido pela sociedade moderna. Em defesa desse sentimento, tudo foi praticado com o objetivo de “organizar”, “classificar” e “separar” os indivíduos, criando, assim, uma categoria de estranhos considerados irrelevantes mas, apesar disso, necessários à manutenção da pax social.
“Os estranhos são pessoas que você paga pelos serviços que elas prestam e pelo direito de terminar com os serviços delas logo que já não tragam prazer. Em nenhum momento, realmente, os estranhos comprometem a liberdade do consumidor de seus serviços”. (BAUMAN, 1998: 41)
A cultura hip-hop tem se firmado como um importante meio de aglutinação para os jovens de periferia debaterem as contradições contemporâneas que incidem diretamente em suas vidas. Portanto, mais do que estranhos, seus membros são incômodos, pois teimam em trazer à tona o avesso do país, implodindo a “rocha sobre a qual repousa a segurança da vida diária”. (1998: 19)
Diante desse cenário, a pergunta que se faz então é: quais os elementos constitutivos da cultura “rap” e qual sua força de representação no meio juvenil? Como compreender as transformações e reconfigurações do universo juvenil diante de uma nova realidade, em que a sociabilidade é permanentemente reinventada e revivida nos grandes centros urbanos do país? Essas perguntas podem ser respondidas de diversos lugares e sob diferentes pontos de vista do falar e da experiência urbana. Nesse breve percurso, procuramos explicitar uma entre muitas modalidades de cultura e protesto presentes nas manifestações dos jovens periféricos.
Reivindicar mudanças imediatas requer determinada organização e implica, sobretudo, pensar em “projetos” e “modelos” a serem seguidos. O fato é que, nesse caso, curiosamente, o engajamento não foi tutelado por nenhum “modelo cêntrico”; foi motivado, contrariamente, pela arte da dispersão e pela inigualável capacidade de fazer e desfazer aparências que os jovens criaram em suas manifestações, a fim de escapar do controle.
Essa capacidade de fazer e desfazer aparências levou ao surgimento de diversos microgrupos no contexto da metropolização. Cada um desses grupos trouxe propostas específicas de intervenção e atuação no mundo circundante. Assim, apesar das especificidades, suas reivindicações nunca são excludentes, pois caminham solidariamente irmanadas na defesa de causas e interesses comuns.
O movimento “rap” ou a cultura hip-hop, como seus agentes costumam se autodenominar, é uma constelação resultante do pós-Big Bem, ocorrido na cultura juvenil no início dos anos 70 do século XX. Primeiro, foi John Lennon que, sem nenhuma cerimônia, anunciou: “o sonho acabou!”. Em seguida, de forma ainda mais dramática e contundente, os punks alertavam: “Não há futuro! Nem pra mim nem pra você!”. Diante desse cenário, um misto de tristeza e desprezo açambarca o sentimento dos guardiões das “verdades absolutas” e dos “modelos salvacionistas”; afinal, no passado (o passado sempre justificando o presente), esses guardiões tinham lutado e empenhado suas energias por uma “causa nobre”; agora, seus herdeiros, esses inconseqüentes pirralhos, agem de maneira “escatológica”, “alienada” e, pasmem, não assumem compromisso com nada, absolutamente nada!
Percebe-se aqui uma clara tentativa de transferir as responsabilidades pelas misérias do cotidiano de um setor para o outro; atentos à manobra, os jovens afastam-se resolutamente da “proteção” oferecida pelos “projetos prontos”, a fim de correr o risco da experimentação.
Uma maneira de entender essa situação é acompanhar a linha de pensamento de Maffesoli (1988), para quem a postura crítica dos jovens representa um ponto alto da resistência ao individualismo e à impessoalidade enraizadas no modo de ser do homem contemporâneo. Ao enfrentar essa questão, os jovens aproximam-se por laços de simpatia, e, num mesmo movimento, inventam seus espaços privilegiados de convivência, em que a identidade grupal está acima das vontades pessoais. Esse fenômeno, segundo Maffesoli, contribuiu para a emergência do “neotribalismo” nas sociedades urbano-industriais. Para esse autor, o surgimento das “tribos urbanas” responde, então, a um crescente desejo de restabelecimento dos laços e dos vínculos interpessoais interrompidos pela urbanização e pela metropolização intensas.
Muito embora o tema e o problema deste artigo sejam bastante específicos: “O movimento hip-hop em São Paulo: a anticordialidade da “República dos Manos” e a estética da violência”, ressaltamos que, em uma perspectiva mais ampla, eles estão relacionados com as incertezas e as angústias que permeiam a vivência de outras coletividades juvenis da contemporaneidade, as quais disputam um jogo de forças entre o interior e o exterior, isto é, entre o que se faz internamente nessas coletividades e o que se pratica externamente na vida social.
O termo tribo é, nesse sentido, um referencial importante que auxilia nossas reflexões: por um lado, permite pensar a vivência juvenil por meio de suas próprias singularidades; por outro, oferece elementos para compreender a estrutura desses agrupamentos que se formam no entorno dos grandes centros urbanos.
Ressaltamos esse entorno porque a maioria das coletividades juvenis – “punks, skinheads, góticos, darks, reggaes e, agora, os rappers”, apesar de ganharem destaque nos centros iluminados da cidade, nascem, crescem e, geralmente, encerram suas atividades nas regiões periféricas, onde os conflitos urbanos são mais intensamente sentidos, vale dizer, vividos. Como nos alertam em suas intervenções culturais:BREAK GRAFIT MC'S DJ'S ENTRE OUTROS...E VARIAS TRIBOS...
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